Os Correios, empresa estatal responsável pelos serviços postais no Brasil, estão dando um passo significativo em direção à modernização de suas operações. A empresa anunciou planos para implementar tecnologias baseadas em blockchain e contratos inteligentes (smart contracts) no setor de encomendas e entregas. A iniciativa visa aumentar a transparência, a eficiência e a segurança no rastreamento de pacotes, além de trazer inovações como programas de fidelidade digitalizados.
Para colocar o projeto em prática, os Correios abriram um processo de licitação destinado a empresas especializadas em blockchain e inteligência artificial (IA). O edital, disponível desde o dia 7 de outubro, permite inscrições a partir de 10 de outubro, com prazo final em 11 de abril de 2025. A fase inicial, chamada de “Diálogo com os Correios”, servirá para selecionar empresas qualificadas que possam apresentar soluções alinhadas com os objetivos da estatal.
Objetivos da iniciativa
A adoção de blockchain pelos Correios tem três pilares principais:
- Otimização de processos de suprimentos: Utilizar IA e blockchain para agilizar e tornar mais eficientes os processos de aquisição e gestão de insumos.
- Gestão segura de endereços e fidelização: Criar uma carteira digital de fidelidade para clientes frequentes, garantindo segurança e transparência por meio da tecnologia blockchain.
- Melhoria na logística: Aprimorar todo o ciclo de entrega, desde o pedido até a entrega final, com maior rastreabilidade e redução de falhas.
Vale ressaltar que a licitação é apenas uma etapa preliminar, e os Correios não têm obrigação de contratar as empresas vencedoras dessa fase. No entanto, a iniciativa demonstra o compromisso da empresa em se modernizar e acompanhar as tendências tecnológicas globais.
Blockchain na logística: Uma tendência global
Embora os serviços postais estatais ainda estejam começando a explorar o potencial do blockchain, grandes empresas de logística privada já estão colhendo os benefícios dessa tecnologia. Empresas como DHL, FedEx e UPS têm investido em soluções baseadas em blockchain para melhorar a rastreabilidade, reduzir fraudes e aumentar a eficiência operacional.
- DHL: Desenvolveu um sistema de blockchain para rastrear remessas farmacêuticas, garantindo a integridade dos medicamentos e a segurança da cadeia de suprimentos.
- FedEx: Utiliza blockchain para resolver disputas de clientes de forma mais transparente e confiável.
- UPS: Aplicou a tecnologia para aprimorar a gestão de contratos e o rastreamento de remessas internacionais, reduzindo burocracias e aumentando a segurança.
Outro exemplo notável é a Maersk, líder global em transporte marítimo, que em parceria com a IBM criou o TradeLens, uma plataforma baseada em blockchain para rastrear contêineres em tempo real. O sistema permite que empresas de logística, alfândegas e portos compartilhem informações de forma segura, reduzindo custos e acelerando processos.
Blockchain no Brasil
No cenário nacional, o B-Connecta, desenvolvido pelo Serpro em parceria com a Receita Federal, é um exemplo de como o blockchain pode ser aplicado para unificar processos aduaneiros. O sistema permite que países do Mercosul compartilhem informações de forma segura e descentralizada, combatendo fraudes e aumentando a transparência nas operações de importação e exportação.
A iniciativa dos Correios pode ser um marco importante para a adoção de blockchain no setor público brasileiro, especialmente em um momento em que a tecnologia se consolida como uma ferramenta poderosa para transformar a logística global.
O que esperar?
Se implementado com sucesso, o uso de blockchain e contratos inteligentes pelos Correios pode trazer benefícios significativos para os consumidores, como maior transparência no rastreamento de encomendas, redução de atrasos e até mesmo programas de fidelidade mais atraentes. Além disso, a iniciativa pode servir como um catalisador para a adoção de tecnologias inovadoras em outros setores do governo e da economia brasileira.
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